30 de junho de 2013

Brinquedos no Anime Friends


De 11 a 14 e 18 a 21 de julho será realizado o 10º Anime Friends em São Paulo.

Entre dezenas de atrações, também será realizada a 2ª edição da Colecon, que contará com exposições e concursos de Hot Wheels, Playmobil, Barbie e Monster High.

22 de junho de 2013

Connecttors

Dionisio, o Necroevolutor


Tudo começou há muito tempo atrás, se não me engano por volta de 1985. Foi ali que nasceram os primeiros robôs de EVA, mas antes deixe explicar como isso iniciou.

Sempre fui uma criança com uma imaginação bem fértil, talvez até demais, nesta época eu ainda gostava de brincar com figuras de ação, os famosos “hominhos”! Éramos quatro irmãos, e brinquedos não eram ganhos com muita frequência.

Nessa época a maioria dos meus brinquedos eram os que chamo de: “brinquedos de boteco”, aqueles baratinhos, injetados, e a principal brincadeira era um exército formado pelas mais diversas criaturas.

Algumas crianças estavam, digamos, melhor que eu na formação de seus exércitos. Tinha criança que possuia até bonequinho do Chips, daqueles antecessores dos Comandos em Ação, e outros amigos que tinham muitos destes últimos. Eu? Eu tinha um monte de animais de plástico, alguns índios de Forte Apache, robôs, naves e veículos (da Rosita), e meu Torak havia falecido a pouco.

Não estava nem aí, pois sempre inventava e construía naves com toquinhos de madeira, mas num belo dia achei no meio da rua um pedaço de uma borracha, diferente da borracha de pneu, tinha uma textura e densidade que lembrava chinelo, porém tinha algo estranho, numa determinada posição lembrava um pezinho. O pedacinho de borracha acabou indo para casa, e lá sem querer acabei encaixando um clipe de papel, pronto era o pé de um robô.

Aquilo ficou na minha cabeça, e se desse para montar uma nave. Será que dá para fazer um robô? Então com um pedaço de serra (daqueles arcos de serra), tentei fazer um corte para ver a possibilidade de trabalho. Não ficou muito bom, mas então veio a ideia de usar uma faca (da minha mãe). O corte ficou bom, liso. Era isso mesmo. A ideia não saia da cabeça, mas tinha outro problema: Que borracha era aquela e onde eu poderia conseguir mais?

Na saída da escola eu voltava a pé para casa, e passava por ponte sobre o rio (claro que tinha a parada para olhar o rio). Então o destino colocou novamente eu e o EVA frente a frente. Na margem do rio, enroscado no mato, metade pendurado metade dentro d’água. Lá estava um grande pedaço, tinha recortes em forma de solado (Jaú, capital do calçado feminino). Então já sabia de onde eles vinham. O pezinho de robô, era a sobra do recorte! Me pendurando em galhos, escorregando no barro, e quase caindo dentro de uma descarga de esgoto consegui resgatar o pedaço que me serviria para o primeiro teste.

Com o uso de um daqueles canivetinhos (de “véio” picador de fumo), um pouquinho de conhecimento (mode autodidata - ON), comecei a esculpir peças e encaixes. O resultado estava ficando bom. Preguinhos eram usados para conectar as juntas e garantir as articulações.  Já que estava fazendo tudo, poderia corrigir algumas falhas que odiava em bonecos, e que adorava nos Chips. Inclui as articulações de joelho, cotovelo, ombro, quadril e tornozelo. Me agradou muito!

Nos modelos seguintes novos experimentos e correções vieram: tamanho dos pregos, tipo de recorte e acréscimo de acessórios com peças de eletrônica.

O melhor de tudo é que eu poderia criar personagens novos a cada dia, e modéstia a parte eles batiam de dez a zero em qualquer outra figura que alguém tivesse ou que eu mesmo tinha. 

Como eu criava o visual, tanto me inspirava nos meus queridos heróis Transformers, como criava formas sem me prender a nada. Cheguei a vender vários para amigos, parentes, outros dei de presente. Ainda eram extremamente resistentes, poderiam ficar expostos ao tempo, chuva, sol, tanto que os primeiros existem até hoje.

Essa fase foi até começo da década de 90. Era um grande prazer fabricá-los, mas então veio uma época escura, que acabou me “podando”. As pessoas começaram a falar que não poderia ficar mostrando isso, que alguém poderia roubar a ideia, que eu tinha que ganhar dinheiro, que precisava patentear. Claro que isso não era fácil, tinha custos (que por sinal não tinha como arcar de forma alguma).
Um tio me orientou a tentar mostrar isso para alguma empresa de brinquedos, e mandei cartas para varias. Algumas responderam, outras nem tanto, e a maior delas disse apenas que era totalmente inviável,  e que o Brasil não tinha mercado para este produto.

Bom, ai eu desencantei deles. Coloquei todos numa caixa plástica que ficou no quintal tomando chuva e sol por anos. Depois eu também comecei a trabalhar.




Minha esposa tem essa mania de ficar grávida de repente. Então, eis que em 2007  um filho se aproximava em rota de colisão com minha cabeça, e claro todos os custos que uma criança traz para a vida dos pais, junto com a inconcebível alegria que isso proporciona!

Num dia desses encontrei com um amigo da época de escola. Conversa vai conversa vem, ele me perguntou sobre os robôs de EVA que fazia. Comentei que não os fabricava há muito tempo, mas que era uma coisa que gostava muito. E esse “gostava muito” ficou martelando em minha cabeça.

Aquela vontade de fazer um bonequinho voltou, mas os tempos são outros, como vou fazer isso com pregos? Depois meu filho vai querer pegar e não vai poder.

Onde poderia encontra o EVA que usava? Não foi tão difícil, então a primeira parte estava resolvida. Meu “poder-mutante-autodidata” já tinha evoluído bastante nessa altura: engenharia, biologia, mecânica, queria desenvolver um sistema novo de articulação, então inspirado nas articulações de fêmur de animais e nos Ball Joint de alguns bonecos atuais. Resolvi fazer alguns testes e... perfeito!

Havia descoberto o Toy Art, e acreditei que aqueles meus bonecos se encaixavam na proposta. De repente visualizei até a possibilidade de comercializá-los e melhorar a verba do bebê. Mas isso não era uma certeza e muito menos a aceitação. A opção para comercializar era o bom e velho site de leilões. E qual foi minha surpresa, que em menos de 3 horas havia um cara me ligando a respeito dos bonecos. Que bruxaria é essa?

Os novos bonecos eram feitos ainda de forma artesanal e voltou a ser um prazer. Assim desenvolvi uma pequena caixa em cartão para acomodá-los. 

Em alusão ao novo sistema de articulações, eu agora os batizei com o nome de Connecttors, em referencia aos conectores que unem tudo.








Estou seguindo duas linhas, os maiores continuam cheios de articulação, e lembram aqueles antigos heróis,  e os pequenos, mais caricatos, “cartunescos”, sem compromisso com proporções, jogando até para o bizarro! Estes menores eu chamo de Evil-Devil e Mal-Bots.

Mais uma vez cai no “velho truque” do: Patentear, ganhar dinheiro, não mostrar, ou mostrar para alguém. O resultado foi outra frustração, e mais um tempo afastado disso. 

Muitas pessoas me pedem para fazer o Batman, o Superman, mas já tem gente que faz isso, e muito melhor do que eu. Inspiro-me neles, nos heróis, nos jogos, filmes, mas não os copio, eu gosto de robôs, e gosto de fazê-los.

Recentemente resolvi retomar este hobby, comecei a postar as fotos dos meus bonecos em minha pagina do Facebook, voltei a reestruturar minha bancada, para poder brincar novamente, reviver o passatempo, a brincadeira que gosto muito. Ando com muitas idéias, quero fazer texturas novas, montagens, novos sistemas, coisas complexas e por que não, coisas simples?

Quando penso como isso começou, a lembrança que me vem à mente é uma das minhas memórias mais antigas. Eu deveria ter uns dois anos (sim eu ainda lembro-me de algumas coisas dessa época). 
Era em São Paulo, havíamos saído à noite com o fusquinha. Estavam meu pai, minha mãe com meu irmão bebezinho, e eu no banco de trás. Nas mãos eu tinha meu primeiro robozinho, que meu pai havia feito com toquinhos de madeira, araminhos enrolados para os braços e pernas, preguinhos como antenas, os olhos e boca desenhados com caneta, tudo muito vivo como se fosse hoje.

Pensando bem, tudo começou ali,  o gosto, o interesse, a vontade de fazer e brincar. Isso me faz pensar que não sou apenas um colecionador,  mas talvez uma criança grande, talvez até um Papai Noel em inicio de carreira. Os cabelos e a barba já estão ficando brancos mesmo, e se continuar com a fabricação, só vai faltar mudar minha pequena oficina para um lugar mais frio!