15 de janeiro de 2008

Papelmodelismo

Alê Nunes

Munster Koach

Você foi criança nos anos 70 ou 80? Montou algum carro, avião, robô, ou qualquer outro objeto de papel que vinha em revistas (Recreio, Destaque e Brinque, etc.) ou caixas de cereal? Se suas respostas foram positivas, você já teve um primeiro contato com o Papelmodelismo, um hobby muito bacana, mas ainda não muito difundido no Brasil. Para conhecer mais sobre esse hobby e, quem sabe, se iniciar na prática, leia a seguir uma entrevista com Cláudio Dias, do site Paperinside (http://paperinside.com/), que além de montar, cria seus próprios modelos.

Alê Nunes: O que é o Papelmodelismo? Quando surgiu?

Cláudio: Modelos em papel são modelos de objetos do mundo real, geralmente confeccionados em papel de alta gramatura ou papel cartão. Normalmente são um hobby, mas também são encontrados na forma de brinquedos para crianças. Os modelos de papel tornaram-se comuns no início do século XX e “explodiram” durante a segunda guerra, quando o papel era um dos poucos itens cuja produção não foi afetada. Pouco a pouco o plástico, e os modelos em plásticos, foram ganhando espaço e, consequentemente, os de papel foram perdendo. O interesse ressurgiu com a internet. Inúmeros modelos disponíveis e impressões de baixo custo são os responsáveis diretos por este novo interesse.

Alê Nunes: Em quais países este hobby é mais difundido atualmente? Como é o cenário brasileiro?

Cláudio: Mais difundido na Europa e Japão. O cenário brasileiro ainda é modesto, mas podemos citar além do paperinside.com, os sites de brasileiros papelmodelistas: Papel Modelismo (http://www.papelmod.com/), Alberto – Modelos de Papel (http://www.geocities.com/orcberto/) e Dragão de Papel (http://www.dragaodepapel.info/).

Alê Nunes: Existe algum campeonato ou convenção de Papelmodelismo?

Cláudio: No exterior, os encontros de papelmodelistas são frequentes. Eles se reúnem para expor seus modelos – criações próprias ou simplesmente montagens de kits famosos, e geralmente, promovem um concurso para eleição dos melhores. Em fóruns de papelmodelismo, os concursos também são comuns. Geralmente, sites que vendem paper models oferecem seus modelos como prêmios.

Alê Nunes: Quais são os modelos mais apreciados pelos modelistas?

Cláudio: É meio difícil dizer qual a preferência dos modelistas em geral. Eu mesmo não tenho a minha definida! Seguem os resultados de uma pesquisa feita em um fórum do qual participo.

Carros 10.31%
Trens 4.12%
Tanques 15.46%
Navios 21.65%
Aviões 50.52%
Construções 14.43%
Animais 5.15%
Ficção Científica 17.53%
Espaçonaves reais 15.46%
Outros 4.12%


Alê Nunes: Em relação aos outros tipos de modelismo, existe alguma concorrência, preconceito, etc?

Cláudio: De minha parte, não. Noto nos fóruns de papelmodelismo um certo tom de brincadeira em relação aos modelos de plástico. Coisa saudável. Apenas para ressaltar que em papel, você cria o seu modelo e monta do tamanho que quiser.

Alê Nunes: E você, Cláudio, quando e como começou a se interessar pelo assunto?

Cláudio: Desde criança ( já faz muito tempo) eu me interesso por montar “coisas” de papel. Existia a revista Recreio que disponibilizava muitos modelos simples. A infância foi embora, vieram as responsabilidades e, depois um longo hiato, um amigo mostrou-me o fabuloso mundo do papelmodelismo. Isto foi em 2004. No começo de 2005 resolvi criar meus próprios modelos. O escolhido foi o Batmóvel de 1966.

Alê Nunes: Além de montar, você cria seus próprios modelos. Como é esse processo?

Cláudio: Vou tentar itemizar o processo:
1. Escolher o objeto
2. Procurar na internet por fotos, desenhos esquemáticos, vistas, etc.
3. Criar o modelo 3D do objeto. Eu utilizo o MilkShape 3D, barato e simples.
4. Procurar na internet por imagens para realizar a “pintura” do objeto. Ex.: no caso de carros, fotos de lanternas, emblemas, etc.
5. Aplicar a pintura ao objeto, ainda no MilkShape.
6. “Explodir” o modelo 3D em peças planas. Eu utilizo o Pepakura, barato e simples.
7. Montar o modelo, efetuar eventuais correções e criar as instruções.


Alê Nunes: Qual foi o modelo mais difícil que você montou e/ou criou?

Cláudio: Não vejo dificuldade na criação, pois considero um prazer muito grande criar algo. Na montagem, posso afirmar que o mais difícil foi o Munster Koach.

Alê Nunes: Qual o modelo mais procurado em seu site? E quais são os próximos da sua lista?

Cláudio: É meio sazonal, pois depois de um certo tempo no ar, todos os modelos mantêm uma taxa constante de download. O que apresentou a maior procura, logo que foi lançado, foi o Batmóvel de 1966. Atualmente, o mais procurado é o DeLorean. Estou trabalhando no avião ALX da Embraer. Recentemente iniciei uns trabalhos em parceria com o inglês Andrew Skupinski. Fizemos juntos o X-Jet (X-Men) e o dirigível do programa infantil Lazy Town. Nossos próximos trabalhos serão: o batmóvel de Batman Forever e as versões atuais - robô e carro – do Bumblebee (Transformers). No mais, continuo aceitando sugestões dos visitantes do meu site.

Alê Nunes: Para finalizar, qual sua dica/recomendação para quem se interessou e quer iniciar neste hobby? O que é preciso?

Cláudio: Procure baixar um modelo simples na internet. Peças grandes e poucos detalhes. No entanto, algo de que realmente você gosta. Como eu disse no começo, é um hobby barato. Você só precisa de tempo e paciência. O restante – tesoura e cola – você com certeza já tem em casa.

Alê Nunes: Muito obrigado, Cláudio. Um grande abraço.
Se você, amigo leitor, se interessou pelo assunto, além dos sites indicados, pode fazer suas pesquisas na internet procurando por Papercraft, Card Models ou Paper Models, nomes em inglês para o Papelmodelismo.

Dirigível de Lazy Town

Batmóvel 1966

DeLorean Time Machine

Tubarão Bruce de Procurando Nemo