16 de maio de 2003

Pégasus [ Estrela ]

Eduardo Luis Marcovecchio

Qual brasileiro hoje em dia na casa dos 30 ou 40 anos não tem boas lembranças antigas associadas ao nome “Pégasus”? A maioria vai se lembrar de um carro de rádio controle fabricado pela Estrela, batizado com este nome, e que foi o sonho de consumo de muitas crianças durante a primeira metade da década de 80. Sem medo de exagerar, pode-se dizer que o Pégasus foi, para o mundo dos carros de rádio controle, o que o Falcon foi para o mundo das figuras de ação.


Mas o que esse carro tinha de tão diferente? Afinal, poucos anos antes, foram lançados carros como o Bip-Car da Atma, o Stratus da própria Estrela, o Spectrum da Mimo, e anos depois alguns outros, como a Super-máquina, a pick-up do seriado Dura na Queda, ambos da Glasslite, o Colossus e o Maximus da própria Estrela também. Provavelmente não exista um motivo que isoladamente tenha dado ao Pégasus esse status de melhor carro de rádio controle de uma geração. Foram na verdade diversos os pontos nos quais que o Pégasus superou seus concorrentes, e ele fez isso de forma esmagadora na maioria deles. Dentre estes pontos, pode-se destacar: - Design: por ser uma réplica fiel da BMW M1, o Pégasus chamava muita atenção. Vamos falar um pouco deste modelo: a BMW M1 foi um carro produzido no final dos anos 70 em quantidade extremamente reduzida, projetado exclusivamente para que a BMW tivesse um carro participando de competições categoria turismo. Como a homologação para a categoria iria demorar ainda algum tempo, a BMW resolveu criar logo sua própria competição, a BMW M1 ProCar. Diversos pilotos famosos de F1 da época participaram da BMW M1 ProCar, que aconteceu em apenas duas edições: 1979 (vencida por Niki Lauda) e 1980 (vencida por Nelson Piquet). O design deste carro era muito arrojado para a época, e em pouco tempo ganhou destaque no mundo dos carros de alta performance. Voltando ao Pégasus, ele realmente tinha as rodas, portas, grades, capô e tudo o mais em perfeita proporção, e com detalhes quase perfeitos, dando a ele uma aparência de réplica em escala, e não de um simples brinquedo infantil. Falando em escala, esta era bem grande também. Não existe uma escala oficial para o Pégasus, mas ela é de aproximadamente 1/15, visto que o Pégasus tem aproximadamente 40cm de comprimento.


- Controle de tração e direção proporcionais: talvez esta seja uma das características mais importantes. Quem já brincou com carros R/C de boa qualidade, sabe que a resposta ao movimento de aceleração e direção nestes carros é proporcional, ou seja, a intensidade da manobra aumenta à medida em que a alavanca é movimentada. Esta é uma característica relativamente rara até hoje nos carros de brinquedo R/C, sendo encontrada apenas nos modelos mais caros. O próprio Maximus (lançados anos depois, pela Estrela também) não tinha esta característica. Sua aceleração era no esquema liga/desliga, e o controle de direção também era esquerda/centro/direita. E o Pégasus, em 1983, já tinha controles proporcionais. - Luz de direção, ou seta: o Pégasus tem uma característica única quando faz curvas: ele liga a seta, como num carro de verdade. Talvez não seja algo para se dar muita importância, mas não deixa de ser interessante, e era algo muito usado no marketing do brinquedo naquela época. - Atenção aos detalhes: a Estrela realmente criou um brinquedo especial quando desenvolveu o Pégasus. A pintura bem feita, os adesivos feitos em plástico transparente, o cuidado nos detalhes moldados na superfície, o pára-choque frontal em metal, o traseiro em borracha, a suspensão com molas independentes nas rodas dianteiras, e unificada nas traseiras, os pneus estriados e em borracha de qualidade, etc. O Pégasus usa cinco pilhas grandes no carro, e seis pequenas no controle. A durabilidade é boa para pilhas alcalinas. Ele foi fabricado em duas versões: Série Ouro - carro dourado, número 36, com faixas verde, preta e vermelha.

Série Prata - carro prateado, número 11, com faixas preta, azul e vermelha (baseado em um modelo real, conforme foto acima). É possível utilizar um carro da Série Prata e outro da Série Ouro no mesmo ambiente, pois eles trabalham em frequências de rádio diferentes. Internamente, no centro do chassis temos uma placa com o circuito de recepção de rádio e circuito driver para o motor, que atua nas rodas traseiras, e o servo- mecanismo que atua nas rodas dianteiras. É impressionante ver um servo-mecanismo dentro de um brinquedo, ainda mais um criado há 26 anos atrás, e por uma empresa nacional. Notamos a atenção aos detalhes também na eletrônica do Pégasus. Existem supressores de ruído ligados aos motores, para impedir que interferências geradas por eles voltem para o circuito de rádio.

O Pégasus utiliza circuitos integrados, o que simplifica bastante a complexidade do circuito, dando também um acabamento e qualidade mais profissional ao brinquedo. São usados dois circuitos integrados no carro: um decodificador de R/C de quatro canais (dois digitais e dois analógicos) e um driver para o servo e para o motor principal. No controle remoto, é usado um terceiro circuito integrado, codificador de R/C, "parceiro" do decodificador que fica no carro. Um ponto importante a ser observado: nenhum destes três circuitos integrados ainda é fabricado hoje. Se um deles queimar, a única solução é conseguir um outro Pégasus (ou outro aparelho que o use também) e retirar a peça. Do contrário, seria necessário trocar os “miolos” do Pégasus, colocando dentro dele um outro rádio, circuitos drivers (ou um speed-control comum) e servo, coisa que não deve ser muito difícil devido inclusive ao espaço interno que o carro oferece. Mecanicamente, ele também tem pontos a destacar: o chassis e outras peças são feitas de um plástico rígido, mas que possui a flexibilidade necessária para amortecer impactos e evitar quebras. Quase tudo é parafusado, não existem partes coladas ou encaixadas, e apesar dele não ser blindado contra água e sujeira, existe proteção suficiente para manter o interior livre da maioria dos problemas que ele pode enfrentar nas mãos de uma criança. Guardadas as devidas proporcões, afinal é um brinquedo lançado há 26 anos atrás, o Pégasus foi um marco em termos de tecnologia voltada para brinquedos, e possivelmente um marco também na iniciativa da indústria nacional em criar um produto muito avançado tecnologicamente e com uma qualidade de fabricação comparável à de carros de rádio controle semi-profissionais.

15 de maio de 2003

Playmobil [ Trol ]

Alê Nunes

Criado por Hans Beck e lançado em 1974 na Alemanha, pela Geobra, o Playmobil chegou ao Brasil através da Trol, que fabricou o brinquedo de 1976 até início dos anos 90.

Basicamente o Playmobil é um mundo de aventura em miniatura, composto por bonecos, veículos, construções e muitos acessórios.

Os bonecos da coleção Playmobil foram criados com base em desenhos de criança, por isso suas feições são bem simples: pontinhos nos olhos e sorriso em todos os rostos.

Na época da Trol os temas eram: Velho Oeste, Medieval, Piratas, Construção, Bombeiros, Polícia, Hospital, Competição, Circo, Televisão, Lazer e Espaço.




No início era possível encontrar conjuntos com um, cinco ou sete bonecos, e conjuntos com veículos ou construções mais um ou dois bonecos. Esse padrão acabou sendo deixado e logo surgiram conjuntos com número variado de bonecos.


Além de acessórios como armas, ferramentas e outros utensílios, foram produzidos muitos tipos de veículos (carroça, carro, moto, barco, avião, helicóptero, naves, etc) e várias construções, como as famosas casas do Velho Oeste, Fortes para Cavalaria e o Circo.


A Trol não mantinha o padrão de cores nos acessórios, sendo que as cores mostradas na caixa podiam ser diferentes do seu conteúdo real.

Outro aspecto interessante é a variedade de bonecos disponíveis, pois não se dividiam apenas em masculinos e femininos, existiam os de cabelos negros, castanhos e loiros, índios e negros. Parece que faltaram apenas orientais, nesse período.


A Trol chegou a produzir um conjunto, muito raro, que tinha como tema a Rede Globo de Televisão. Notem que este já apresentava a primeira evolução do brinquedo, mãos independentes do braço, que podiam ser movimentadas.


Infelizmente a Trol fechou no início dos anos 90. Alguns anos mais tarde, a Estrela relançou o Playmobil, já com várias evoluções. Mas isso é uma outra história...